Em meio a uma nova onda de demissões na divisão Xbox da Microsoft, uma crítica contundente ao modelo de assinatura do Game Pass reacendeu o debate sobre a sustentabilidade econômica da indústria de jogos.
Raphael Colantonio, fundador da Arkane Studios e mente criativa por trás de títulos como Dishonored e Prey, foi direto ao ponto: segundo ele, o Game Pass é um modelo insustentável que vem prejudicando o setor há mais de uma década.
“Por que ninguém fala sobre o elefante na sala?”
A declaração de Colantonio surgiu nas redes sociais, em resposta às notícias sobre cortes que atingiram estúdios renomados como Rare, Turn 10 e The Initiative. Em tom provocativo, ele escreveu: “Por que ninguém fala sobre o elefante na sala? Cof cof (Gamepass)”.
Ao ser questionado por um seguidor sobre sua visão como desenvolvedor, Colantonio foi ainda mais incisivo:
“Acho que o Game Pass é um modelo insustentável que vem prejudicando cada vez mais a indústria há uma década, subsidiado pelo ‘dinheiro infinito’ da Microsoft, mas em algum momento a realidade tem que bater. Não acho que o GP possa coexistir com outros modelos; eles ou acabarão com todos os outros ou desistirão.”
Críticas além da Arkane: o receio é compartilhado
Colantonio não está sozinho em sua preocupação. Michael Douse, diretor de publicação da Larian Studios (Baldur’s Gate 3), também expressou ceticismo quanto à viabilidade do modelo. Para ele, a principal dúvida entre os profissionais da indústria é:
“O que acontece quando todo esse dinheiro acabar?”
A crítica gira em torno da dependência do Game Pass em relação ao poder financeiro da Microsoft. O modelo, segundo os desenvolvedores, pode estar “canibalizando” as vendas tradicionais de jogos, criando um ecossistema onde apenas grandes corporações conseguem sustentar os custos de produção — enquanto estúdios independentes ficam cada vez mais vulneráveis.
Uma ironia: o próprio jogo de Colantonio esteve no Game Pass
Apesar das críticas, há uma ironia curiosa: Weird West, desenvolvido pelo estúdio WolfEye Studios — fundado por Colantonio após sua saída da Arkane em 2017 — foi incluído no catálogo do Game Pass em março de 2022. Isso levanta questões sobre as complexidades e contradições do mercado atual, onde até os críticos do modelo acabam, em algum momento, se beneficiando dele.
O fechamento da Arkane Austin e o futuro incerto
As declarações de Colantonio ganham ainda mais peso diante do fechamento da Arkane Austin em maio de 2024, estúdio responsável por Redfall, Dishonored e Prey. O encerramento de um estúdio tão influente levanta dúvidas sobre a real sustentabilidade do modelo de negócios adotado pela Microsoft.
Fonte: TheGamer